Ordens do Amor
Bert Hellinger.
Todos temos uma consciência pessoal, a qual percebemos como “leve” ou “pesada”.
Sentimos essa consciência avaliar nossos atos. Muitos julgam inclusive ser essa consciência o juiz do “certo” e do “errado”.
Esse é um engano muito comum.
Nossa consciência pessoal nada tem a ver diretamente com o certo ou o errado.
Ela se guia por outros princípios, que podem ou não estar ligados ao que é denominado de moralmente “certo” ou “errado”.
A descoberta desses princípios por Anton Hellinger descortinou um universo de percepções sobre a natureza de nossos relacionamentos familiares e por extensão, a todos os demais grupos aos quais cada ser humano está ligado.
Investigando a forma como cada um se sentia muitas vezes inocente (ou de consciência “leve”) mesmo cometendo atos agressivos, violentos e que prejudicavam a si e a outros, Hellinger percebeu que a consciência pessoal se liga a três princípios, a saber:
• Um princípio vinculador, que estabelece o pertencimento ao grupo
• Um princípio de equilíbrio nas trocas, entre o dar e o receber
• Um princípio de ordem ou hierarquia dentro do grupo
Nos sistemas familiares, quando alguém faz algo que ameaça seu pertencimento ao grupo sente imediatamente a consciência “pesada”. Por exemplo, se alguém se depara com o fato de estar saudável, mas todos os membros de seu grupo familiar estiverem muito doentes, vai se sentir “culpado”. Ou um membro de uma família de criminosos, sente-se “culpado” se não comete ele também algum delito. Estranho, não é? Especialmente estranho, porque nesses casos, essas pessoas se sentiriam “inocentes” – ou de consciência leve – fazendo coisas que no primeiro caso (adoecer junto com os demais membros da família) seria uma coisa “ruim” e no segundo (não cometer nenhum delito) seria uma coisa “boa”.
Seguindo os dois princípios seguintes, podemos perceber que quando recebemos algo bom, sentimos uma pressão interna para retribuir, o que é na verdade uma forma de consciência pesada, percebida como dívida. No caso da ordem, se temos que agir de forma a repreender alguém que está acima de nós na hierarquia, percebemos isso como algo que nos deixa “de saia justa” – por outro lado, se o fazemos com um subordinado, isso não nos pesa tanto.
Mas Hellinger ainda descobriu um outro fato surpreendente e que na maior parte do tempo nos escapa da percepção. Ele descobriu a existência de uma consciência grupal comum que atua sobre um grupo bem delimitado de pessoas de cada grupo familiar.
Esse grupo é guiado por essa consciência de forma que só podemos perceber a existência dela através de seus efeitos. Nós não a percebemos como “leve” ou “pesada” da mesma forma como percebemos a consciência pessoal. Essa consciência grupal também se guia pelos mesmos princípios anteriormente citados, mas de forma diferente. Podemos explicar isso de forma simples assim:
• Em relação ao vínculo, a consciência grupal não permite que qualquer membro do grupo seja esquecido, expulso ou excluído sem exigir uma compensação. Caso ocorra, ela vai exigir que um descendente que vem mais tarde (e que frequentemente nada sabe ou nem mesmo participou do fato) repita o destino do excluído ou aja de forma similar a ele (sem o saber).
• Em relação ao equilíbrio, essa consciência exige uma compensação adequada para o que foi dado e recebido. Se alguém recebe demais e não equilibra isso, então um descendente tem a propensão de fazê-lo em seu lugar.
• Em relação à ordem, essa consciência não admite a interferência dos pequenos nos assuntos dos maiores, sob pena de os primeiros se sentirem (sem perceber) tentados a expiar sua interferência através do fracasso, da doença e de destinos difíceis.
Dito isso, fica então muitas vezes claro que alguém, agindo de “boa consciência”, frequentemente por amor, infringe as regras da consciência de grupo, chamada por Hellinger de consciência arcaica ou também de “alma” (não no sentido religioso, mas no sentido latino da palavra, “aquilo que empresta movimento a algo”). Ao faze-lo sobrevém então os efeitos desastrosos, seja para si, ou mais frequentemente para seus descendentes. Hellinger denominou esses princípios de “Ordens do Amor”. Pois eles atuam através do amor profundo entre descendentes e antepassados. Hoje, denominamos “Leis Naturais do Amor”, pois na verdade é uma lei da natureza, assim como a gravidade. Elas atuam independente do nosso conhecimento, concordância, opinião etc.
Suas percepções abriram também as portas para aquilo que as vezes permite a solução entre tais desordens, através de um amor mais amplo, consciente, que ultrapassa os limites restritos da consciência pessoal.
É nesse âmbito que se desenvolvem as Constelações Familiares, buscando restaurar a harmonia entre as ordens do amor dentro de cada grupo familiar.
Isso torna então muitas vezes compreensível o comportamento de cada membro familiar, bem como encontra uma saída para a expressão de seu amor.
Desde a reconstrução na década de 1970, a meditação no banho foi uma ocorrência normal duas vezes por dia. Tornou-se uma das minhas principais prioridades, juntamente com a purificação de fogo que eu adicionei em 1981.
A meditação prática é perceber o que realmente está acontecendo em nossa própria mente e corpo. Temos que observar objetivamente a nossa mente subjetiva.
A Natural Medicina, agradece sua presença nesse caminhar.