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Mulheres contemporâneas e os arquétipos das deusas virgens

Mulheres contemporâneas e os arquétipos das  deusas virgens

Qualidade da percepção como luz nitidamente focalizada

Cada uma das três categorias de deusas (virgem, vulnerável e alquímica) tem uma qualidade característica de percepção. A percepção enfocada exemplifica as deusas virgens.
As mulheres que são como Ártemis, Atenas e Héstia têm a habilidade de concentrar sua atenção naquilo que lhes importa. Elas têm a capacidade de se absorverem naquilo que estão fazendo. No processo de serem enfocadas, elas podem excluir facilmente tudo o que for alheio à tarefa presente ou ao objetivo de longo alcance.
Quando a mulher sabe dar enfoque à solução de um problema ou ao alcance de um objetivo, quando não é interrompida pela carência daqueles que a cercam, não prestando atenção até mesmo às suas necessidades de alimentar-se ou de dormir, ela tem capacidade de enfoque consciente que a conduz a realizações. Trata de tudo o que está fazendo com sua atenção total. Tem mentalidade unidirecionada, a qual permite que ela faça aquilo que decide fazer. Quando se concentra em objetivos exteriores ou qualquer que seja a tarefa à mão – como é característico de Ártemis e Atena – o enfoque é de realização orientada.

Quando o enfoque se volta para o interior, em direção a um centro espiritual – o foco direcional de Héstia – a mulher na qual esse arquétipo é forte pode meditar por longos períodos, sem se perturbar com o mundo que a cerca ou com os desconfortos advindos de ter que se manter numa determinada posição.
Qualidades da deusa virgem são exemplificadas por mulheres que seguem suas próprias inclinações para se tornarem nadadoras competitivas, feministas ativas, cientistas, peritas em estatística, executivas, donas de casa, amazonas; são também exemplificadas pelas mulheres que vão para os conventos ou locais de retiro religioso. Para desenvolverem seus talentos e enfocarem a busca do que têm valor pessoal as mulheres-protótipo da deusa virgem frequentemente evitam o desempenho dos papeis tradicionais das mulheres. Como fazer isso, isto é, como ser coerentes consigo mesmas e se adaptar a viver no mundo dos homens, é o desafio.

Na mitologia, cada uma das deusas virgens encarou um desafio semelhante e desenvolveu uma solução diferente.

Ártemis, a deusa da caça, abandonou a cidade, evitou o contato com, os homens e passou sua vida na selva com seu grupo de ninfas. Sua maneira de se adaptar era separa-se dos homens e de sua influência. Essa maneira é análoga às das mulheres contemporâneas. Elas se unem a grupos de conscientização e se tornam feministas aplicadas em definir a si próprias e suas prioridades; ou trabalham em grupos dirigidos por mulheres e em firmas que estão a serviço das necessidades das mulheres. As mulheres tipo Ártemis também são representadas por individualistas rígidas, que se movem sozinhas e fazem o que lhes interessa, sem amparo pessoal ou aprovação dos homens, como também das mulheres.

Em contraste, Atena, deusa da sabedoria, unia-se aos homens como seus iguais ou como uma supervisora do que eles faziam. Era a pessoa mais calma na batalha e a melhor estrategista. Sua maneira de se adaptar era a identificação com os homens – ela se tornara como um deles. A atitude de Atena tem sido seguida por muitas mulheres que se unem ao mundo das corporações ou que têm sucesso em ocupações exercidas tradicionalmente pelos homens.

Finalmente, Héstia, deusa da lareira, seguiu um modo introvertido de adaptação, marcado pelo retraimento em relação aos homens. Ela se retraiu interiormente, tornou-se anônima e foi deixada sozinha. A mulher que adota esse modo de vida negligencia sua feminilidade para não atrair o interesse masculino, para evitar situações competitivas e viver calmamente, pois ela valoriza e cuida das tarefas diárias ou da meditação que dá sentido à sua vida.
As três deusas virgens não se alteraram por suas experiências com os outros. Elas nunca foram dominadas por suas emoções, nem por outras divindades. Eram invulneráveis ao sofrimento, intocáveis nos relacionamentos e inacessíveis a transformações.

Da mesma forma, quanto mais ajustada estiver a mulher em sua trajetória própria, tanto mais provável também que ela não seja profundamente afetada pelos outros. Esse enfoque pode desliga-la de sua própria vida emocional e instintiva, como também de estabelecer vínculos com os outros. Psicologicamente falando, a menos que ela tenha sido penetrada, ninguém conseguiu desvendar seu íntimo. Ninguém lhe importa realmente, e ela não conhece a intimidade emocional.

Portanto, se a mulher se identifica com o padrão da deusa virgem, ela talvez leve uma vida unilateral e frequentemente só, sem qualquer outra pessoa verdadeiramente significativa. Contudo, embora uma deusa permaneça limitada ao desempenho de seu papel, a mulher pode crescer e modificar-se no curso de sua vida. Embora seja por natureza semelhante a uma deusa virgem, ela pode também descobrir que Hera tem algo a lhe ensinar sobre afinidades compromissadas; pode sentir a comoção do instinto maternal e aprender com Deméter; ou pode repentinamente se apaixonar e descobrir que Afrodite também faz parte de seu ser.

Baseado na obra As deusas e a mulher – Jean Shinoda Bolen
Pesquisas, Lendas e Mitos Alma da Terra, Naturais Medicina do Sagrado Feminino.

Que a cada amanhecer seu coração seja tocado pelas bênçãos do amor.
A Natural Medicina, agradece sua presença nesse caminhar.

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