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Avó e o neto.

Ela estava debruçada sobre o muro de sua casa, quando, ele, um Jovem chegou com suas compras nas mãos. Como de costume a cumprimentou, naquele dia, percebeu, que suas vistas, atravessavam o tempo e logo, perguntou:
Vó, como estão os pensamentos?
Ela, cabeça altiva para o sol que se punha, refletia, de suas querências e sabedorias, foi logo dizendo:
Estou aqui entre meus botões dizendo, não querer envelhecer, até parece que o tempo, vai me responder.

Oh! Vó! E se me permite perguntar, com todo o respeito, o que leva a senhora duvidar do valor do tempo que demarca tua pele, com sulcos tão bonitos?

Eis a questão, que avista por fora, não é bom das vistas do que se passa no dentro, é como olhar um manto que estamos bordando e costurando enquanto enfrentamos cada ponto, superando, desbravando sentimentos, nenhum vivente se atreve a dizer o que se passa do avesso, como se a costura tivesse um lado só, com isso parece-me valer da experiencia que tenho, coisas que foram sendo ditas e colecionadas, ouvidas de minha mãe, dita pela sua abençoada avó, que certamente caminhou por todas elas e que por fim passou a ser verdade tão firme onde meus pés hoje seguem a caminhar, um manto só tem poder, quando o bordado e o avesso, estão arrematados, e também abençoados do mesmo jeito.

Nas ideação que segue no pensamento, estou fiando com, fiando com os pensamentos, velhar as vezes parece bom, em outras me parece ocupar, se vou atrapalhar o outro, com meu envelhecimento.

 Quem sabe diz, o Jovem – Possa ser diferente, envelhecer seja tempo  de semear as coisas bonitas, vividas, as dores e sofrimentos fiados, transformados em sabedorias?

Aqui, nesse momento, por exemplo, nessa prosa tão rica, fico ouvindo a senhora proseando, parece a mais bonita poesia.

É, filho, essa vida é uma troca entre o inesperado e o desconhecido, e o amor que alguns tens pelo risco que desconhecem o poder do ponto arrematado e seguro pelo olhar que avista cada passo já vivido.

Quem sabe, atrapalhar é verbo que fala de um tempo distante que ainda estou a costurar nesse retalho que estou bordando.

É vó, a senhora sempre diz que nenhum ser amado é estorvo e a todos podemos aprender a querer bem, na hora que a senhora for tecendo, transpondo esses pontos que lembram do atrapalhamento, vai que a clareza dá ordem, e brota dai novo sentimento?

Bem que dizem, tem dias que a Velha vira menina e o Jovem um velho sábio, nada é fixo e permanente, tudo muda, a cada momento.

Aqui, com a costura entre os dedos, sinto na palma das mãos a medicina do tecimento, que guia até meu coração a paz e o fortalecimento, que estou sempre acompanhada, pelos fios e cores, tramados e formas, prosas e histórias desenhadas além e nesse tempo.

Vó, então a costura feita pelas mãos, ajuda ao coração?

Sim, filho amado, desde que nascemos de um barriga ventre, nossas mãos foram formadas desde o coração, tudo pão amassado, legume cortado, alimento temperado, corpo tocado, conta sobre o que um par de mãos sente bem na profundeza de sua alma, pode ser um par de mãos que espalha bênçãos ou não.

Nessa vida, procurei semear coisas boas, sempre lembrando o que me fez mais forte, as vezes meus sentidos são apanhados todos juntos em uma lembrança, isso não me faz muito bem, filho, gratidão por sua chegada, foi assim, como mãos que ajudam desde o coração, um acompanhante amigo, que seguiu comigo entre as salas de uma morada, em uma viagem, a tempos ainda não vistos.

Assim, pude colocar os sentidos fio a fio, tecendo com parcimônia, colhendo as forças que deixei, recordando as inocências e das culpas que me pertencem, deixando aqueles que me fizeram, suas respostas da vida, foi respeitoso confesso, colocar um sentido de cada vez, vendo um todo, não de uma única vez, assim, assuntando o que me cabia.

Agora deixo ir segredos sepultados, é, meu filho, não existe nada tão poderoso que os sim e o não, pois já reparou, quando digo um sim, abro espaço para o não e quando digo não, confiro espaço a modo que o sim se faça novo então.

Agora me pus a pensar sobre essas coisas de sacrifício, sofrimento e pobreza, que por tanto o Padre nos dizia ser a verdade da vida.

Desde menina ficava perturbada, pois Deus para mim era de outra maneira e com isso que o Padre dizia não concordava.

Fui chamada de louca, por seguir por outras estradas, escutar as planta, conversar com passarinho, ouvir o silêncio que gritava avisando a chegada de algo imprevisto.

Deus para mim é amor, plenitude desde o principio, não tem intermediário, não pede para que o ser seja castrado, pobre, ou sacrificado, afinal filho, será que posso acreditar, que Deus tem algo que falte, e que a seus filhos e filhas cabe o que falta ofertar?

Nesse mundo, tem coisa que não faz sentido para uns e é verdade toda, toda para outros….

É Vó, agora quem precisa de tempo para acomodar essa prosa é o menino que aqui dentro mora, e sempre teve um certo medo de Deus.

Sim, filho, isso é bem comum, não se trata de mau olhado, nem arca-caída, isso é pensamento amaldiçoado que nos entrava a vida, pois toda a força, a coragem, e a inspiração de não nos desviar de nosso caminho, parece que tiramos de nós quando damos poder a essas palavras que veio sei lá de quem, das autoridades e sacerdotes, para muitos desconhecidos.

O homem e a mulher passaram para as crianças e seguiu caminhando de geração a geração, ninguém sabe desde de que lugar.

Dizia uma velha que morava lá na floresta, quando ia me consultar quando carregava tua mãe em meu ventre, que existem algumas coisas que são grande mentiras inventadas a longo tempo, que existe um certo momento, que já nos vemos com coragem, para saber sobre a verdade.

Me contou, filho, veja se é muito para ocê…De forma alguma Avó, agora quero sabe…Conta que em um tempo muito antigo, pessoa, criança e mulher eram ofertados como sacrifício, dizem que até hoje quando se celebra a missa, o corpo e o sangue de cristo é ofertado, e assim prossegue o sacrifício.

Filho, tudo depende do olhar, pois se quer saber a verdade, todos os nossos encontraram muita força, na fé de suas crenças, as vez, vem um desgarrados com uma prosa diferente que leva outras gentes a ver por outra forma.

Será que esse Deus tão grande que castiga e tem uma fome de pobreza, sacrifício e sofrimento existe?

Fico a fitar aqui bem dentro desde onde o que inspira as mãos a tecer, cozinhar, amassar, temperar e moldar, abençoar e a rezar, que Deus é amor, é outra imagem que faço do nosso Senhor e Senhora, não estão fora, estão dentro, não pedem votos de castidade, castração ou sofrimento, nem juramento ou segredos. Filho vou para dentro, fazer o café, se queira tem bulo de furo no meio, e contigo deixo algo para pensar nos gargomilhos de teus pensamentos:

 -Deus e Deusa que leva pro menos, serve a quem mesmo?

Sahwenya Passuello.
Autora da Natural Medicina Alma da Terra.
Caminho de Auto-Iniciação o qual oferta:

Sabedoria Anciã e suas Histórias e imagens arquetípicas, florais, medicinas, elixires, orientações nos campos da energia para a aprendizagem do encontro enquanto o cura a ti mesmo.

Que a cada amanhecer seu coração seja tocado pelas bênçãos do amor.
A Natural Medicina, agradece sua presença nesse caminhar.

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